Maneira de Orar


Instruções dos Espíritos
V. Monod - Bordeaux, 1862.

22 - O primeiro dever de toda criatura humana e o primeiro ato que deve assinalar os seu retorno à atividade diária é a prece. Quase todos rezam, mas são poucos os que sabem rezar! Que importância terão perante o Senhor as frases que repetem de forma maquinal, sem compreender nem prestar atenção no que estão dizendo? Rezam por hábito, por um dever a cumprir, e cuja execução é sempre um peso. A prece do cristão, do Espírita, ou de qualquer outro culto, deve ser feita logo ao acordar, após o Espírito retomar o domínio do corpo. Ela deve elevar-se em agradecimento a Deus, com muita humildade, deve vir do fundo do coração, agradecendo por todos os benefícios recebidos até aquele dia, pela noite transcorrida, durante a qual foi permitido, ainda que inconscientemente, visitar os amigos, os Espíritos protetores, extraindo, do contato com eles, novas forças para continuar a caminhada. A prece deve elevar-se humildemente aos és do Senhor. Deve mostrar a fraqueza que possuem, para que possam suplicar Seu amparo, Seu perdão e Sua misericórdia. Ela deve ser profunda, pois é a alma de vocês que deve se elevar até o Criador, devendo transfigurar-se como Jesus no monte Tabor, quando apareceu, de forma iluminada, falando com Moisés e Elias, na presença dos apóstolos Pedro, Tiago e João. A prece deve chegar ao Senhor branca e radiante de esperança e de amor.

Ela deve conter o pedido das graças de que necessitam, mas daquelas que realmente necessitam. É inútil pedirem ao Senhor para encurtar as provas, para lhes dar mais alegrias e riquezas. Peçam a Ele os bens mais preciosos, como a paciência, a resignação e a fé. Não digam, como muitos fazem: "Não vale a pena rezar, uma vez que Deus não me atende". O que pedem a Deus, na maioria das vezes? Já se lembraram de pedir a própria melhoria moral? Não. Poucas vezes pediram isso. O que mais se lembram de pedir é o sucesso para os empreendimentos terrenos, e depois ainda dizem: "Deus não se ocupa conosco, se o fizesse, não haveria tantas injustiças". Insensatos! Ingratos! Se analisarem honestamente o fundo de suas consciências, encontrarão, quase sempre, em vocês mesmo, o ponto de partida para os males para os quais lamentam. Peçam, antes de todas as coisas, para que sejam pessoas melhores, e vão ver que imensidão de graças e de consolações irão receber (veja, nesta obra, cap. 5:4).

Os Espíritos sempre disseram: "A forma não é nada, o pensamento é tudo!". Cada um de orar segundo suas convicções e da maneira que mais lhe agradar, pois mais vale um bom pensamento , do que muitas palavras que não dizem nada ao coração. 
(Capítulo 28, página 284, Coletânea de Preces Espíritas, Introdução, Evangelho Segundo Espiritismo)

A prece deve ser uma prática diária, sem que, para isso, seja preciso retirar-se para seus aposentos ou exibir-se, de joelhos, nas praças públicas. Ela deve fazer parte dos deveres de cada um, qualquer que seja a natureza deles, sem exceção. Não é um ato de amor a Deus assistir seus irmão em qualquer necessidade moral ou física? Não é um ato de reconhecimento elevar o pensamento ao Senhor quando recebe um momento de felicidade, quando um acidente é evitado, até mesmo quando se é atingido apenas de leve por uma contrariedade? Portanto, é dever de todos agradecer em pensamento: "Muito obrigado, meu Deus, por tudo que tenho recebido!". É um ato de arrependimento humilhar-se diante do Juiz supremo quando cometerem uma falta, e, ainda que por um breve pensamento, Lhe dizer: "Deus, me perdoa, pois pequei, por orgulho, por egoísmo ou por falta de caridade. Concede-me a força para não mais falhar e a coragem para reparar o meu erro".

Devem orar dessa maneira, independentemente das preces regulares da manhã, da noite e dos dias consagrados. Como veem, a prece pode ser feita em todos os instantes, sem trazer nenhuma interrupção a seus trabalhos, e, se assim procederem, a prece irá beneficiá-los. Acreditem que um só desses pensamentos, partindo do coração, é mais ouvido pelo Pai Celestial do que as longas preces recitadas, por hábito, quase sempre sem um objetivo claro, as quais a hora preestabelecida lembra que chegou o momento de rezar.


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O Evangelho Segundo o Espiritismo
Allan Kardec
Por Claudio Damasceno Ferreira Junior
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